Transubstanciar Entrevista Eduardo Schaal,Diego Sanches
T:Estamos aqui com Eduardo Schaal quadrinista independente,tudo bem?
ES:Tudo bem,como que tá?
T:Tudo bem,Eu queria saber de 2009,2010 em diante teve uma proliferação de quadrinho independente no Brasil,isso pra você que é autor ,isso ajuda ,isso dificulta ,isso cria meio que um parâmetro pro pessoal melhorar os produtos que vão sair?
ES:Eu acredito que o mercado , o mercado começou a se abrir porque as pessoas começaram a ficar um pouquinho mais profissionais ,acredito que isso não é geral,na produção ,que as pessoas começaram a aprender mais sobre a produção de quadrinhos ,de linguagem e de produção gráfica ,o que ajudou bastante foi o barateamento dos processos gráficos e as tecnologias digitais,coisas que antes era muito difícil você produzir um material minimamente parecido com o material de editoras ,hoje é possível fazer isso,hoje você vê um material independente até melhor o material das editoras,hoje teve uma democratização das ferramentas.E com o surgimento das mídias sociais e de outras formas de você divulgar o projeto,tornou possível você atingir mais pessoas , se você parar pra pensar o BOOM da internet social no Brasil veio de fato de 2009 pra cá , o facebook se tornou uma ferramenta,junto com outras ferramentas que surgiram que se tornaram mais fortes,como o Twitter por exemplo,antes não existia isso , então antes você produzir um material independente era muito mais complicado,porque como você atingia um público,como você chegava num ponto de venda,como você transformava isso ,era muito voltado ao universo dos fanzines ,então de certo modo acho que o advento das redes sociais e com o desenvolvimento de produção deram uma alavancada de produção pro mercado independente ser o que ele é agora,acho que foi um misto de fica mais fácil de produzir e fica mais fácil de atingir o público, porque que antes você tinha algo com uma qualidade inferior ,porque você tinha o mercado do fanzine de Xerox por exemplo,que tinha uma qualidade gráfica muito inferior ao das editoras,e você não tinha como atingir um público,o único jeito era indo em eventos como o FIQ , ou outros eventos pequenos,mas durante o ano ficava mais difícil ,levar seu material pra mais pessoas e agora com o advento das redes sociais é mais fácil,não estou dizendo que todo mundo consegue tudo,você ainda tem que trabalhar muito,mas com certeza,democratizou e abriu esse mercado nesses últimos anos.
T:E de 2013 em diante nos temos tidos também um crescimento das mulheres entrando no mercado dos quadrinhos,qual que é a sua opinião a respeito disso?
ES:Eu acho,na verdade sensacional,eu acho que tudo isso,toda essa abertura ,possibilitou que muita gente que antes não tinha como conhecer a linguagem dos quadrinhos,que antes o quadrinho era um nicho muito masculino,porque o que era divulgado era quadrinho de super-herói que é um nicho em grande parte ainda é um nicho masculino,mas com o advento do quadrinho independente você começou a ver muita coisa fora desse tema,Marvel,DC,Dark Horse , que é um material muito massificado e também fora do material infantil,Mauricio de Souza e tudo mais,a gente começou a ver que tinha outros meios ,outros nichos,outros públicos se interessando pelo ler quadrinhos e produzir quadrinhos,foi uma abertura que permitiu ,na verdade eu vejo muitas mulheres produzindo quadrinhos pra nichos diferentes,não somente quadrinhos pra leitoras ,eu vejo elas produzindo pra muitos públicos,então na verdade , o mercado começou a amadurecer e você tem leitores e leitoras de todos os meios e o Diego Sanchez pode dar a opinião dele a respeito disso também?
DS:Eu acho que ainda a gente tá numa fase meio transitória em relação a isso,principalmente que chama atenção ,o fato de que se isso chama atenção agora quer dizer que antes tinha um problema.Mas,o que é interessante é isso que o Schaal falou que se tem gêneros distintos e deixar de se pensar ,vender ou fazer marketing baseado no gênero da pessoa,isso aqui é um produto para o público feminino ou isso é pro público masculino , isso é algo que a gente é meio contra assim ,isso é muito bom que tenha essa pluralidade de vozes produzindo e produzindo coisas diferentes e que cada pessoa nova tenha uma bagagem diferente e que possa tornar este mercado mais variado e muito mais rico.
ES:O quadrinho feminino tem que ser Rosa.
T:Agora eu queria saber se você teria interesse me fazer uma Animação da QUAD por exemplo?
ES:Ah,interesse , na verdade , a gente tem ,mas e tudo uma questão de organização e produção porque animação envolve uma quantidade de pessoas,que é muito maior que fazer quadrinhos,quadrinhos você consegue fazer você sozinho,você consegue ter o controle de tudo,do roteiro,animação você até consegue fazer sozinho ,mais demoraria muitos anos pra produzir material num tempo mínimo de exibição,pra qualquer mídia que você vá transpor seja uma animação ,um jogo de videogame ,um filme live action , a gente pensa nisso também ,mas é algo que vai envolver terceiros nessa produção ,a gente não conseguiria cuidar disso tudo,vontade a gente tem ,mas a gente tem o quadrinho ainda como prioridade ,nossa intenção e contar nossas historias ,neste meio,nesta mídia,o que vem depois faz parte dos nossos planos , mas começa a entrar num segundo nível de prioridade agora neste momento.
T:Entendi,no caso o QUAD , os seus quadrinhos já estão digitalizados?
ES:Sim,eles estão em algumas mídias, a gente tem eles disponíveis em Inglês no Comixology o QUAD 1,e o QUAD 1 também está disponível no Social Comics que é aquela plataforma de assinatura , tipo o Netflix dos quadrinhos ,por enquanto , só , em breve teremos o QUAD 2 que tá subindo, e temos também nossa web comics dentro do site www.quadcomics.com.br , são historías curtas dentro do universo ,que elas complementam a historía de alguns personagens , historías de 7 páginas,8 páginas que acrescentam informações e elas podem ser lidas digitalmente elas estão no nosso site e estão também no Social Comics.
T:Legal,e a QUAD e estilo uma Heavy Metal vocês tem vários estilos de quadrinhos diferentes,vocês já pensaram em fazer um álbum só de faroeste ,só de terror ou algo do tipo?
DS:No começo quando a gente produziu o primeiro QUAD,a gente decidiu pelo gênero de Ficção Científica, dai a gente até pensou se a gente ia continuar ,a gente achou que deu tão certo isso ,a gente achou que vamos continuar a fazer Ficção Científica,a gente não pensou mais nessas coisas,nosso planejamento agora e na verdade continuar com QUAD , criar novos personagens,tornar este universo ,mais rico,mais profundo,e continuar essas historias que a gente começou,
ES:Mas,ao mesmo tempo a gente criou um selo agora o QUAD Comics que o primeiro projeto e o Gargantua do Daniel Rossini , com esse selo nossa idéia é de lançar quadrinhos nossos ou de amigos nossos que agente considere o trabalho que esteja dentro do nosso plano editorial e ai sim,esses projetos podem ser outros gêneros , não só a Ficção Científica,no caso Gargantua é uma aventura meio de marinheiros num futuro, é um Moby Dick do futuro,pro ano que vem a gente já tem 2 projetos em andamento que são de outros gêneros,um é mais policial e o outro é mais uma aventura Teen envolvendo skatistas e etc que vão ser lançados pelo selo QUAD Comics ,assim.
T: É meio que ,um Moby Dick Futurista?
T:E a QUAD , na verdade vocês estão lançando um por ano?
ES/DS:Um por ano com esse formato de 4 historías,4 personagens.
T:E no caso do primeiro ,pro segundo os personagens são os mesmos?
ES:Já tem uma variação,tem 2 personagens novos e 2 que voltam , a Terah e o Robô ,estão no primeiro e no segundo, e tem o Razul e o Kaz, que são 2 personagens que não voltam no terceiro,no terceiro a gente tem sempre mantido alguns e voltado novos,
DS:Tipo no terceiro,eu volto com um personagem do primeiro,mais a historía dele tem uma ramificação que algumas coisas são da historía do Razul que é um personagem do segundo que inclusive é um personagem da historia do Ferigato que entra na minha historía,então a gente tá tentando tentar tudo conectado que tudo é o mesmo universo e tudo se passa no mesmo período de tempo ,mas não no mesmo lugar geograficamente , nossa idéia, não é essa,não tem isso,a segunda também as historías eram one-shot ,acredito que você conseguiu entender as historías completamente ,principalmente na historia da Terah e do Trent,na dela e mais uma continuação mesmo,mas o três a gente já avisa que tem um monte de coisa que referencia com as outras então na do 3 ,a gente quer deixar esse mundo um pouco,mais profundo quer deixar este arco um pouquinho maior .
ES:A gente tem o personagem do Diego,o Chefe no segundo participa na historía da Terah que é a minha historia ,e no terceiro , o Chefe já volta com o bando deles dos lixeiros, independente da historia da Terra,então a gente começou a fazer pequenos crossovers assim que mostram ,que é possível que eles se encontrem ,mas não que eles vão virar um Vingadores , vão ter um Assemble assim , a idéia pode ser que esse mundo devastado não tem mais centros urbanos ,assim eles podem coexistir assim,se você ler a primeira agora esses acontecimentos vão fazer mais sentido,assim,tanto que o 3 tem até uma recapitulação no começo ,um anteriormente QUAD,pra você entender o contexto ,senão você vai ficar boiando.
T:Eu perguntei,porque eu só li a QUAD 2 ,a primeira eu não consegui le-la na verdade,eu consegui entender numa boa , mas deu pra perceber que tinha alguma coisa atrás, e na dela deu pra ver mesmo,então é o tipo de coisa que eles faziam na Heavy Metal no começo,a Heavy Metal no começo era alguma coisa do Moebius ,Drunna , e tinha uns personagens que iam e voltavam ,um ia depois um aparecia na historía do outro 2 quadrinhos.
T:Obrigado.
ES:Valeu,cara.manda pra gente quando tiver pronta .
DS:Valeu.